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Quando
você menos percebe
John Dekowes
Você
já se olhou no espelho, hoje? Sentiu algo diferente? Será que era
realmente você quem se refletia do outro lado? E por acaso, você é
daquelas pessoas que vivem sempre se olhando no espelho? Se soubesse de
uma verdade, continuaria a se olhar no espelho? Conseguiria abandonar a
sua vaidade? Largaria para sempre a vontade de se mirar em qualquer
superfície polida que mostrasse a sua imagem? Seria uma tortura, seria
o caos... Não seria?
Há
muito tempo que os Dhaks visitam o planeta Terra. Para dizer a verdade,
há milhões de anos, que aos montes, vagueiam ao redor de cada ente
humano. Desde que o primeiro primata percebeu o seu reflexo em algum
lugar, eles começaram a chegar. Foram invadindo tudo, e através dos
séculos se tornando mais insinuantes, mais consistentes.
Poder-se-ia dizer que influenciaram bastante nas causas e desvelos dos
cálculos científicos, para que tudo acontecesse de acordo como
planejaram, e lhes trouxessem maiores facilidades na locomoção entre a
Terra e o Universo Paralelo, onde vivem.
Você
não os percebe porque são mais rápidos do que a luz, mas de vez em
quando, por alguma refração ou reflexo incidente das ondas magnéticas,
tem-se a ligeira impressão de se estar sendo observado, ou a forte
presença de alguém ao seu lado. Você nunca sentiu isso? Nunca teve esse
pressentimento?
Às
vezes seus olhos, num desenlace, não perceberam uma sombra, ou alguma
coisa se movendo rapidamente, mas quando você se concentra, vê que não
era nada, apenas um ligeiro movimento da vegetação embalada pelo vento
(?). É assim que eles agem. É assim que fazem para despistar você
quando percebem que podem ser descobertos.
Mas
você já se olhou no espelho, hoje? Já se fixou atentamente no que
ocorre do outro lado?
Pois
é... Verdades às vezes precisam ser ditas, para que quando acontecerem
fatos estranhos, todos possam estar preparados para aceitá-los, sem
nenhuma demonstração de surpresa ou algum temor.
Mas
os Dhaks vivem numa zona dimensional muito especial, denominada de
“Llerín” ou “Portal de Luz”. Quase todos aqueles que viajam para o
planeta Terra, vindo de outras galáxias e precisam manter a
invisibilidade, atravessam o “Llerín”. Em épocas remotas os Dhaks
buscaram fazer contato com os humanos, mas sempre de forma bastante
arredia, por uma questão de segurança. Das muitas vezes em que tomaram
a iniciativa de se mostrarem - por causa de humanos tomados de puro
pânico - tiveram seus portais rompidos, estilhaçados, e vagaram por um
longo período na Terra, até encontrarem novamente um portal com as
mesmas características, e incidência magnética luminosa para
retornarem. A própria história da humanidade é recheada de fatos e
fenômenos inusitados, acontecidos em determinadas épocas, e que depois,
foram transformados em contos infantis, histórias da carochinha,
fábulas... A incompreensão humana buscando respostas rápidas e absurdas
para o desconhecido, ou pelo menos tentando amenizar a racionalidade
das emoções. Uma curiosidade é que os adultos transcrevem seus horrores
através de narrativas para as crianças, e dessa forma, elas já crescem
com a mente propensa aos temores e medos do incógnito, impossibilitadas
de fazerem suas próprias descobertas. E surgiram os temíveis monstros
do armário; seres que habitavam dimensões fantasmagóricas e mundos
cheios de terrores, e que levavam criancinhas desobedientes para serem
comidas, devoradas, ou o tenebroso Bicho Papão... E assim, os adultos
nunca puderam perceber o mal que estavam fazendo, o quanto estavam
errados... Cerraram as portas da imaginação!
Os
Dhaks sempre consideraram os seres humanos muito confusos, pois só
acreditam naquilo que vêem, e por isso são enganados, ludibriados por
suas mentes. Seus olhos vêem ou detectam apenas uma pequena parcela do
espectro eletromagnético da luz, e suas mentes assimilam um mínimo de
informações... Não valorizam o instinto, o sexto sentido de que são
imbuídos. Se pudessem perceber todo o espectro ótico com todas as suas
propriedades, variantes e freqüências determinadas, o seu mundo não
seria tão desigual como era, e poderiam valorizar mais a simplicidade
de suas existências. Os Dhaks em tempos remotos, quando os seres
primatas ainda não tinham suas consciências tão deturpadas como agora,
passeavam pelo mundo, passando ensinamentos às criaturas locais. Houve
momentos em que pensaram que seus mundos poderiam se fundir; suas
portas se abririam, as fronteiras temporais se romperiam e ambos os
universos seriam únicos.
Oportunidades
houveram. Muitos seres humanos privilegiados conheceram o outro
universo; tiveram o pleno domínio das energias cósmicas, da
transmutação das moléculas e átomos, viajaram através do tempo,
atravessaram portais e fronteiras inimagináveis do passado, do presente
e de um futuro onde viram os seus próprios destinos finais. Souberam do
desencadear da história, de fatos que ainda aconteceriam, viram o
limiar da própria humanidade, assim como guerras biológicas, massacres,
e até o grande holocausto. Poucos conseguiram sobreviver ao rito do
fantástico que lhes foi revelado em cada dimensão, e sucumbiram diante
o irreal. Alguns deixaram se levar pela mente racional, e aos poucos,
foram fechando as portas do inconsciente, até não conseguirem mais
passar para o outro lado. Outros se foram para sempre, numa caminhada
insólita e não mais retornaram.
O
que não se pode negar jamais, é a vaidade que o ser humano tem de viver
se admirando num espelho. A fatuidade que foi incutida e condicionada
tão estrategicamente pela “a cultura do espelho” em cada civilização, e
que se tornou impossível separar sob qualquer aspecto: o ritual mágico
de embelezamento. Chega a ser frustrante, traumatizante até, a falta
que faz um objeto polido, onde não se possa perceber ao menos, pequenos
traços da sua silhueta. Se olhar, tecer pensamentos de elogios... Tudo
isso já está enraizado no comportamento humano, forjado desde o
principio dos tempos. E cada um deve possuir o seu espelho, não
importando a qualidade...
Ledo
engano.
Importa
sim!
Os
Dhaks se dividem em várias classes sociais, e portanto, daí a
influência negativa, e o sintoma de miséria que é absorvido pelos
humanos, já que a maioria dos espelhos é de qualidades inferiores, e a
incidência dos feixes de luz que os atingem, é de péssima reflexão.
Atrai para a Terra so-mente criaturas inferiores, ou seres medonhos. Os
Dhaks da ordem mais elevada tentam impedir essa invasão; mas a produção
de espelhos de cristais é mínima, ou quase nula, em relação aos vidros
espelhados, metais polidos e uma variedade de materiais e produtos
reflexivos que atraem e facilitam a vinda desses espectros para esse
plano astral.
E
isso acontece já não é de hoje. Basta observar as tradições antigas dos
povos, das tribos aborígines, das crenças cheias de temores e medos, e
que passam para seus fieis, que por sua vez, transmitem aos seus filhos
e netos, a historia de seres inumanos que carregam as almas dos mortos
para outra dimensão. Por isso, temerosos, cobrem todos os espelhos da
casa com tecidos pretos, e se vestem também de preto, pois acreditam
que com a completa ausência de qualquer lampejo de luz, a alma se
mantenha quieta no corpo, e não é atraída pela incidência de luz
refletida ou incandescência momentânea de um reflexo, podendo assim,
descansar em paz.
Dizem
que não é bom falar diante do espelho, porque se terá sonhos horríveis
e tremendos pesadelos... A mente do homem se perdeu em conjecturas e
vive temerosa, amedrontada com a sua própria realidade, e os sonhos
tenebrosos que tiver não podem ser ocasionados pelo espelho. Os Dhaks,
apesar de próximos, não dão sustos. A mente humana é que imagina isso
tudo.
Assim,
como pôr recém-nascidos diante de espelhos; eles vão demorar a falar...
Superstições! As crianças conseguem perceber e participar do mundo
mágico... São sensíveis aos Dhaks. Falam com eles, brincam com eles e
se tornam seus amigos... Depois, amadurecem e se perdem no mun-do. Mais
estes são os fatos... Mas em verdade, ha sempre uma indagação.
Você
já se olhou no espelho, hoje? Já sorriu? Retocou a maquiagem? Já pensou
se a pessoa do outro lado, no caso a sua imagem, tem o mesmo pensamento
que o seu? Já captou o brilho dos seus olhos? Aprofundou-se
conscientemente nesta pesquisa? Não sentiu, nem percebeu nada de
anormal acontecer? Um barulho esquisito? Um som desconhecido? Você já
tocou demoradamente no espelho com a palma da mão? Sentiu como um frio
vivo, penetrante, invade os seus dedos... Vai tomando conta do seu
braço, dominando todo o seu corpo... E se você não o retira
rapidamente, uma sombra invisível e gélida captura a sua alma, a
subjuga, e lhe deixa sem forças para qualquer ação? Já tentou olhar
para dentro do espelho? De como é diferente?
Pois
é, espelhos não fazem perguntas, mas você responde as indagações que
faz diante dele? Os Dhaks, assim como você, também se questionam das
possibilidades de um encontro gratificante entre raças de mundos
opostos. Eles já nos conhecem há milhões de anos, contudo, nós apenas
pressupomos a existência de um Universo Paralelo, o qual nem aventamos
a idéia de como chegar até ele. Curiosamente, estamos bem próximos de
um portal dimensional de infinitos caminhos cósmicos. O homem criou
essas oportunidades para outros seres conhecerem o nosso mundo, alargou
o horizonte para as fronteiras de um plano astral desconhecido, e, no
entanto, não consegue descobrir o segredo, nem a chave que abre a porta
para outra a dimensão. A sua essência já alcançou o outro lado, a sua
sombra já evoluiu nos feixes de luz, mas o seu corpo continua sendo o
maior pesadelo!
Mas
não seja por isso. A mente humana é muito fértil; e de uma imaginação
prodigiosa, portanto, todas as vezes que estiver diante de um espelho,
imagina o que você faria se pudesse ir até o outro lado?
E a
propósito, você já se olhou no espelho, hoje?
Vai,
olha, não tenha medo! E quando você menos percebe...
Nota do Navegador: Da
minha viagem à dimensão onde vivem os
Dhaks, percebi que um dos fatores importantes para a entrada deles no
planeta Terra, é a diferença de velocidade da propagação e decomposição
da luz branca. É por aí que as varias classes de Dhaks invadem a Terra.
A minha experiência numa dessas passagens foi bastante inte-ressante,
já que houve difrações mínimas durante o percurso, oriundas de poeiras
e su-jeiras do próprio espelho. Também observei que são poucos os
humanos, ou quase nenhum, que atentam para esse fator.
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