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Trilogia Inócua
- 3
O
Abraço de Deus
John
Dekowes
"...e quando passar a tempestade, do sal se erguerão Criaturas Sublimes".
Êxtase...
Com sinceridade? Gostaria de permanecer aqui. Neste silêncio delicioso.
Nesta paz celestial; apenas escutando bem no íntimo do meu ser, aquele
som divinal vindo das estrelas. Ficar apreciando cada nota, cada
extensão melódica num acorde infinito, até meus olhos pesarem e eu
adormecer. Fico imaginando se existe alguém neste universo que ia
querer vida melhor. Acho que agora, realmente, sou um cidadão em busca
de oportunidades!
Algo
me diz que não posso ficar perambulando por aí. Depois que alterei meus
registros para facilitar a minha vida, nada aconteceu comigo como eu
previra. Mas tenho uma dúvida. Se os "Viajantes" já sabiam do que eu
havia feito, antes de confessar-me, então o que eu fiz não alterou em
nada o meu destino! Já estava programado a minha ida ao planeta Xython,
muito antes de eu pensar em fazer as falsificações!? No momento exato.
Na hora exata... será? Mas quem sou eu para cogitar que estava sendo
manipulado por mão divinas? Mas então, o que eu fiz foi algo pessoal e,
consequentemente, dentro daquilo já estabelecido, eu tive de assumir as
responsabilidades!!?
EU QUERO VOLTAR PARA
ZYGGHTE!!
........................
Mas
quem sou eu para decidir isso agora? Era importante que eu mantivesse
sobriedade, calma, e pensasse com mais clareza. De repente, me bate um
pensamento. Depois de muito tempo é que eu tenho a oportunidade de
compreender certas coisas. Todos aqueles que vão para o planeta Xython,
lá ficam prisioneiros. Os mais evoluídos como os "Viajantes" ou os
"Infiltrantes" conseguem "ver", "perceber" e "observar" o que se passa
entre as dimensões, contudo, mesmo assim, são obrigados a permanecerem
"enclausurados", literalmente, naquele entes corpóreos até estarem
"concluídos".
Mas
se é um planeta cujas energias não nos possibilita maior
desenvolvimento energético, nos limitando a ficarmos aprisionados quase
que indefinidamente àqueles corpos, porque nos levam em missões para
lá? Como podemos sugar informações de algo tão limitado? Outra coisa
que percebi. A imensa concentração de "Glóbulus" em Xython. Nunca vi
nada igual em outra parte do Universo! Além de ficarmos estagnados
naqueles corpos, não podemos sair do planeta! Os "Glóbulus" tudo bem,
são forma abjetas, mas, e quanto aos mais evoluídos?
........................
Tudo
o que é bom dura pouco. Não cheguei ainda a uma conclusão, mas percebo
que vou partir em outra missão. Um "Viajante" se aproxima de mim e me
repassa alguma informações.
NÃO! DE NOVO NÃO! O que foi que eu fiz de errado desta vez?
Ainda
sou Rhyell Sev'la, cidadão do planeta Zygghte, localizado no quadrante
Y, próximo da Galáxia de Andryöen, mas conhecida como Via Láctea.
Atualmente sou um cidadão em busca de oportunidades...? É isso! Não
podemos confundir oportunidades com oportunismo!
O
"Viajante" antes de partir, me esclareceu que todas as minhas missões
foram cumpridas obedecendo a determinados prazos... e tempo. E que para
cada planeta que eu fosse enviado, eu seguiria a sua natureza cósmica
dentro do Universo. O fato de eu achar que era uma eternidade viver
naqueles mundos "sugando" informações, eu deveria observar quantos
mundos já havia visitado, e não demorara tanto tempo assim...
Pensando
bem era isso mesmo. O que é o tempo? O meu universo é abstrato! O
"Viajante" me passou uma missão, mas com uma opção de escolha. Voltar
ao planeta Xython e concluir uma outra missão, ou partir para o Sistema
Ughüry na 35ª para fazer um reconhecimento na estrela Nephèr.
........................
Até
ali, tudo parecia fazer sentido. Não fosse a ponte de madeira
derrubada, as manchas cinzentas de sangue pisado, misturado com a
terra, nem as marcas profundas do que eu supunha serem de pés, a
natureza, em todo o seu esplendor, eclodia numa tarde primaveril. Ou
seria de outono? A minha sombra de vez em quando parece que se esconde
de mim, outras vezes se afasta disformemente, e se perde na distancia.
E quando olho para os lados, sinto uma brisa gelada no meu rosto,
apesar de todo o calor que vem daquele sol azulado que banha Nephèr. As
pegadas estão se distanciando, se alongando, se dispersando, como se
fossem apenas sombras...
Mas o que eu persigo?
FIM
DA TRILOGIA
INÓCUA
©
John Dekowes 2002-2003.
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